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Apoiado por Denis de Rougemont e seguindo os primeiros federalistas galegos, Ramón Piñeiro e Ramón Lugrís, o autor apresenta a via federal como a única via possível para uma Europa pós-nacionalista, para uma Europa que aspira a construir-se a partir do respeito pelos diferentes povos que a compõem, uma Europa que pretende construir-se a partir do respeito pelos diferentes povos que a compõem, unir-se com base na solidariedade entre as regiões e recusar-se a permanecer sob a tutela do poder dos países centrais, uma Europa que pretende construir-se a partir da diversidade cultural que a constitui e não permanecer uniforme sob o espartilho do mercantilismo mais voraz.

Franco Grande recupera os princípios do suíço Denis de Rougemont e liga-os, como já dissemos, aos de Piñeiro, a quem defende contra aqueles que, acusando-o de reduzir o galeguismo à cultura, a uma simples reivindicação cultural, o tornam algo semelhante a um traidor da grande causa (essas belas palavras do nacionalismo!). Franco Grande defende, com Piñeiro e Lugrís, a identidade cultural da Galiza, mas não para a destruir e iluminar, mas como parte da grande cultura europeia, com a qual se manteve em contacto e da qual se alimentou, essa grande cultura que deve ser partilhada ou com a qual se devem estruturar as fronteiras de um federalismo entendido como o grande projeto de convivência do século XXI, o mesmo que Denis de Rougemont sintetizou a partir da trágica turbulência do século XX em seis princípios, todos eles baseados no respeito pelas minorias, na solidariedade e na crença em qualquer desejo de hexemonia.

O federalismo, "o civismo no seu melhor", segundo o autor; é, pois, o fio com que teremos de coser a nova política que os novos tempos nos exigem, uma política que Franco Grande, de forma programática, delineia em vários pontos de necessário cumprimento, pontos básicos sem os quais qualquer construção poderia ser dramaticamente débil, uns relacionados com verdadeiras atitudes, com práticas cívicas, e outros mais ligados à realidade concreta e organizativa do Estado. Assim, fala de concórdia e de dignificação da política, de civilização da Espanha (essa Espanha que se ergue, castiça, sobre as diferenças para as esmagar com o peso de ultrapassadas pretensões imperiais), de descodificação dos meios de comunicação social (agora convertidos em armas de manipulação de massas), de fortalecimento do Estado, de banir para sempre qualquer ideia de tutela, de promoção da vida local (freguesia, concelho: o poder dende abaixo), de eliminar as províncias e as deputações... Enfim, medidas para sair do marasmo e organizar uma convivência civil sem vítimas.

"O federalismo é o único sistema político que pode valorizar alguns aspectos da nossa realidade integral", afirma o autor. O federalismo como uma união igualitária dos diversos. Uma Espanha federal constituída por Estados autónomos que não estão protegidos nem expostos à interferência dos reatribuidores. Uma Europa federal sem cordas vitoriosas. Sem medo.

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