A guerra dos media contra o vento e a imagem do ABC

Jacinto Rey é o presidente do Grupo San José - um dos principais intervenientes na "operação Chamartín" - e o principal promotor do jornal galego "Xornal de Galicia", criado há três meses e com uma posição ideológica próxima do partido de Anxo Quintana.

Além disso, no concurso de energia eólica lançado pelo Ministério da Inovação e da Indústria dirigido por Fernando Blanco, que foi resolvido no Natal passado, o grupo empresarial de Rey ganhou parte dos cerca de 2300 megawatts adjudicados.

Coincidindo com o lançamento do novo jornal e com as últimas semanas do concurso de energia eólica, La Voz de Galicia iniciou uma guerra mediática contra a gestão do concurso pelo Conselleiro, chegando mesmo a sugerir que a adjudicação tinha sido manipulada. No final, Blanco e o partido nacionalista saíram bastante fortalecidos, apesar do facto de o Presidente Touriño os ter deixado sozinhos no último minuto.

Obviamente, a intenção da fotografia publicada hoje por La Voz de Galicia e ABC é retirar a aura de transparência e boa gestão que o BNG sempre ostentou perante os outros dois grandes partidos galegos. Numa situação normal, o encontro de Quintana com Jacinto Rey no seu veleiro não seria nada de extraordinário. Mas o facto de a relação entre Rey e o BNG ter sido arrastada pelos meios de comunicação social foi o que lhe deu maior significado. O líder do BNG fez o melhor que pôde perante as notícias, denunciando o partido de Núñez Feijoo por ter feito a campanha mais suja de sempre na Galiza e convidando o candidato popular a ver todas as fotografias do seu álbum pessoal. Em todo o caso, perante um assunto desta natureza, a reação dificilmente conseguirá contrariar o efeito provocado, sobretudo a 48 horas do fim da campanha.

Por outro lado, quem poderia imaginar que o ABC seria o jornal que iria marcar a agenda mediática da campanha? Foi uma campanha atípica, com um perfil muito baixo durante as primeiras semanas e com reviravoltas durante as últimas três semanas, que, à exceção do caso de corrupção do PP e da expulsão de Luis Carrera da lista do PP em Orense, seguiram na mesma direção e levaram o PP a acreditar que tem hipóteses de alcançar a maioria absoluta.