"A cultura-mundo: uma resposta a uma sociedade desorientada" de GUILLES LIPOVESTSKY e JEAN SERROY

Esta é a segunda obra escrita em colaboração (em 2009 publicaram "The Global Screen"). e apresenta o conceito de "cultura-mundo" como um indicador sintético do estado atual de uma sociedade instalada na universalização da tecnociência, do mercado, dos media, do consumo e do individualismo. Uma sociedade exposta, aberta ao ímpeto insaciável de um capitalismo hipertrofiado no seu triunfo, de um hiper-capitalismo global e monopolizador.

A "cultura-mundo" rompe com as definições anteriores de cultura, tanto religiosas-tradicionais como revolucionárias-democráticas, e estabelece um modelo baseado no domínio inatacável do mercado, na eliminação das diferenças e na globalização do consumidor como sujeito histórico.

A "cultura-mundo" nasce sobre as ruínas dos grandes sistemas ideológicos, sobre a dissolução das "ideologias do progresso que pretendiam que a História tivesse um sentido", e desenrola-se numa rede insegura, numa malha cheia de riscos, num espaço-tempo instável e imprevisível. É a nova ordem, a ordem caótica, atravessada pela repetição incessante de crises (económicas, ecológicas, alimentares, migratórias...) e por multimensagens ameaçadoras. Isto conduz ao desnorteamento e à desorientação. A "era hipermoderna da grande desorientação".

Lipovetsky e Serroy analisam-no com facilidade e profundidade, detendo-se nas suas diferentes arestas e meandros, mas sem cair no catastrofismo. Também não caem na nostalgia do mundo que se foi. A saída da desorientação não pode ser totalmente orientada para o passado, pois nada pode ser como antes ("A era do código unificado de sentido está perdida para sempre"), mas pode, defendem os autores como conclusão prática e programa de ação, basear-se na recuperação de três grandes imperativos:

- Reabilitar a cultura do trabalho e do mérito.

- Reforço da coesão social.

- Investir no capital humano, na educação e na investigação.

Três imperativos que, assim colocados, podem parecer pouco ambiciosos, mas que, se forem postos em prática, poderão ser a única revolução que nos é permitida atualmente.