Esta é a parte que me indigna enquanto cidadão, a sensação de ser governado por pessoas que utilizam métodos e frases típicas do submundo dos filmes americanos.
No entanto, as amnésias selectivas, o esquecimento, a destruição de registos de entrada e saída, de gravações de câmaras de segurança, de diários e agendas, de discos rígidos, tudo isto me chama a atenção por uma razão diferente, pelo menos para mim, leitor de romances policiais e policiais: que não se coopera com a justiça recorrendo a subterfúgios legais.
O uso abusivo do direito de qualquer acusado ou imputável de omitir a verdade e toda a verdade por esquecimento, ou o recurso intempestivo à LOPD (Lei Orgânica de Proteção de Dados) como desculpa pobre, uma vez que o assunto está a ser investigado por um juiz, a perda ou substituição de discos rígidos de computadores portáteis obsoletos, foram alguns dos procedimentos a que fomos habituados pelo meio Batasuna.
Mas em tudo isto, omitido e destruído, segundo certas declarações de dirigentes do Partido Popular, seria a prova incontestável de que Bárcenas está a mentir nos seus papéis e notas, mas na ausência de outras informações documentadas às do ex-tesoureiro, informações que contrastem com as que constam dessas notas, ou "linhas escritas de improviso num papel amachucado", que se demonstrou ativa e passivamente serem parcialmente verdadeiras, não me resta senão concluir, ou deduzir à maneira de holmiana, que todas e cada uma das notas apresentadas por Luis Bárcenas Gutiérrez, assinadas por ele e por Álvaro de Lapuerta Quintero, são verdadeiras.
In dubio pro reo : o ónus da prova perante a opinião pública recai sobre o Partido Popular, que deve apresentar documentação que desminta todas as afirmações feitas pelo seu ex-tesoureiro.
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